sábado, 19 de abril de 2008

O airbag

Assistindo a um bem humorado programa sobre automóveis numa TV internacional (Top Gear, da BBC), deparei-me com uma reportagem interessante, que me deu bastante orgulho: falava sobre o “menor Volkswagen que você pode comprar” (na Inglaterra, claro), nada menos que o VW Fox, desenvolvido e fabricado aqui, em nosso querido Brasil.

Durante a reportagem, para a minha frustração, percebi algumas diferenças: de série, o Fox vai para a Inglaterra com motor 1.2 a gasolina, trio elétrico, limpador e desembaçador traseiro, condicionador de ar, direção hidráulica e airbag. Para agravar, era tido como um carro simples, prático, voltado para o público mais jovem, acima de tudo, barato. Tudo bem, vamos encarar a realidade: o poder aquisitivo do público jovem daqui não é o mesmo de lá. Melhor nos recolhermos a nossa inferioridade, e deixar de lado esses opcionais bobos (que lá são de série), como trio elétrico, direção hidráulica... enfim, um 1.0 basicão anda (quase) do mesmo jeito.

Há um item, entretanto, que realmente me preocupa: o airbag. Comprovadamente, ele aumenta – e muito – as chances de sair ileso (ou pelo menos vivo) de uma colisão. Será que apenas pela nossa "escassez de riquezas" devemos morrer ao sofrer um acidente? Por que essas bolsas infláveis não são equipamentos obrigatórios – como são os cintos de segurança?

Uma resposta quase imediata seria criar uma lei que obrigasse os fabricantes a instalar tal equipamento em todos os veículos produzidos, a exemplo dos cintos de segurança; houve o tempo que o de três pontos não era obrigatório, assim como usá-lo ou não era opção de quem estivesse no carro. Mas não é assim tão simples. A situação econômica dos fabricantes (como a do país inteiro) não é lá das melhores; sua justificativa é plausível: a instalação desse caro equipamento iria encarecer a produção, e esse preço seria repassado ao consumidor – como é nos veículos que oferecem esse opcional. E justamente falando em opcionais, para os consumidores que não dispõem de muito dinheiro, o senso comum é de investir num item de conveniência como ar-condicionado, que terá uso diário, não em um item de segurança que, pelo menos se espera, nunca será usado. Chegamos assim a um impasse onde, como sempre, o povo é quem paga o pato.

Mas talvez não. A resposta é mesmo uma lei; afinal, elas existem para o benefício do povo (ora, pelo menos em teoria...). Apenas o "obrigar" está incorreto; incentivar é bem melhor. Basta ver o seguinte: o que ajuda a tornar os carros no Brasil tão caros? Os impostos. Bem, não pretendo sugerir aqui uma reforma tributária – seria muita audácia. Mas se houvesse para os carros equipados com airbag uma isenção, ou pelo menos um desconto nos impostos, seria crescente o número de veículos dotados desse equipamento; e, portanto, mais seguros. Quanto ao dinheiro que o governo deixaria de arrecadar, acredite: não seria metade do que é gasto nos serviços médicos e de emergência com as vitimas dos acidentes envolvendo nossos 1.0 "básicos".

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