quarta-feira, 18 de junho de 2008

O Ser Humano

Jovem torcedor do América-RN foi assassinado com um tiro na cabeça quando retornava para casa, num ônibus fretado pela torcida, após um jogo contra o Ceará realizado no estádio Castelão, em Fortaleza. O autor do disparo, supostamente vindo de um Gol azul, ainda é desconhecido.

Entidades muito representativas das quais não lembro o nome “investigam” o ocorrido; querem descobrir porque um menor de idade (17 anos) viajou para outro estado sem autorização dos pais; querem saber quem fretou o ônibus, quem era responsável pelos passageiros, porque escolheram aquele horário para volta, entre outras importantes questões que não me interessam. Por que para mim, só há um ponto a ser discutido: se não houvesse o disparo do revólver, não haveria ferido. Ainda assim, fico com a impressão de que descobrir a identidade do selvagem, criminoso e homicida que efetuou o disparo é o que menos importa para a sociedade.

Essa inversão de valores me faz lembrar um episódio menos recente; este, felizmente, sem vítimas fatais, quando o apresentador Luciano Huck teve seu Rolex tomado de assalto. Aproveitando seu espaço na mídia, escreveu uma carta de desabafo, repudiando o crime por ele sofrido. Muitos sujeitos que se julgam cultos encheram Huck de críticas, falando até numa suposta ‘justiça social’ que até hoje não fui capaz de compreender. Lembro-me apenas de um outro caso: há umas três semanas, roubaram a bicicleta do Seu Nonato, caseiro do meu sitio. Para mim, trata-se do mesmo caso: Luciano e Seu Nonato foram as vítimas e os bandidos foram bandidos, criminosos, pessoas que agiram fora da lei, tomaram posse de bem alheio para benefício próprio usando-se de ameaça e violência, e permanecem gozando da impunidade.

Voltando ao jovem torcedor, a situação é bastante clara: ele foi a vítima, o atirador é um criminoso. Nada mais há para ser discutido. Fale em rivalidade de torcidas, fale em ofensas trocadas pelo Orkut, qualquer coisa que se fale, nada justifica que um ser humano tire a vida de outro; nenhuma outra questão é importante.

Poderia encerrar aqui este texto mas, apenas por reflexão, gostaria de propor uma pergunta: entre matar e morrer, qual seria sua escolha? Pode usar a “legítima defesa” como justificativa para sua escolha, você teria o amparo da justiça, mas antes pense: se todos escolhessem morrer, não haveria mais homicídios.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

De novo!?

Vem aí a CSS, Contribuição Social para a Saúde. Bonito nome, não? Dá um ar de responsabilidade social ao contribuinte, sem dúvida bem melhor que CPMF, Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira. Até porque essa história de provisória que dura uns dez anos já não cola mais. Olhando de perto, porém, é a mesma coisa, que começa cobrando 0,1% sobre as movimentações financeiras e será destinado 100% à saúde, mas termina cobrando 0,38%, sendo que destes apenas 40% irão “salvar o caos da saúde pública”.
Mas por que um Governo com uma das maiores cargas tributárias do mundo quer criar mais um imposto? Por que um País que, só de janeiro a abril de 2008, arrecadou 221,5 bilhões de Reais, quer uma contribuição que irá somar, anualmente, mais R$ 10 bilhões? E, ainda assim, não resolve o caos da saúde, nem da educação, nem da segurança... Como pode haver tanto dinheiro e fazer tão pouco com ele?
Duas vertentes justificam a péssima gestão administrativa dos nossos governos. A primeira é a incompetência; apenas para ilustrar, sem citar nomes, um Presidente de certa Agência de uma Secretaria do Governo do Estado do Ceará estava preocupado a respeito de como iria levar “sua” apresentação (entre aspas, pois ele não sabe usar o Power Point) a um município vizinho, pois seria trabalhoso levar seu computador inteiro. Como ele nem sabia o que era um pen drive, seus assessores tiveram que gravar a apresentação num CD, e o convenceram que assim daria certo. É um elogio a esse Presidente dizer que lhe faltam conhecimentos em informática. Porém, quem sabe, depois que ele se aposente, alguém um pouco mais antenado nesse mundo pode substituí-lo – a incompetência tem solução.
A segunda vertente é a velha conhecida má vontade, companheira fiel de muitos funcionários públicos. Essa, infelizmente, parece não ter solução. Basta ver que nunca na história desse país houve tantos concursos públicos; mesmo assim a concorrência costuma ser alta, porque há muitas pessoas procurando um emprego fixo, estável, bem remunerado, de carga horária reduzida... enfim, procurando moleza. Não interessa o cargo, nem a função (vocação.. o que é isso mesmo!?), o que interessa mesmo é ganhar para não fazer nada. Ou, quem sabe, fazer uma greve de vez em quando. É de entristecer a quantidade de jovens recém-formados que se julgam incapazes (ou têm preguiça mesmo) de enfrentar o mercado de trabalho, de ingressar e trabalhar numa empresa privada, e recorrem ao concurso público como salvação – é como a bolsa família da classe média.
E assim o Brasil vai, gastando cada vez mais, fazendo cada vez menos... e quanto a nós, brasileiros, o que vamos fazer? Protestar? Sonegar? Ah, não sei... essas coisas de economia são muito chatas. Que tal uma praia no fim de semana?