A propaganda de cerveja da qual não recordo o nome afirma que mestre cervejeiro não é aquele que fabrica a cerveja, mas quem bebe. Qualquer sujeito racional conclui daí que o bebum da budega da esquina pode dizer, com grande precisão, se houve algum erro na quantidade de malte, ou no tempo de fermentação do lote daquela cerveja que ele está tomando. Com certeza, o bebum até sabe o que é malte, afinal, ele é o "mestre cervejeiro".
Pois foi com um argumento muito semelhante que o Supremo Tribunal Federal – STF, que jornalista é aquele que escreve algum texto, com a nobre intenção de exercer sua liberdade de expressão, não quem passou anos se graduando numa faculdade buscando conhecimentos de Ensino Superior para exercer a (ex) profissão de jornalista. Aliás, buscando o lado bom da coisa (se é que existe), eu, um simples blogueiro, acabo de ser promovido: sou agora um jornalista! E este medíocre texto é uma notícia! Êêê! Olha que legal! Aposto que ninguém nunca tinha visto uma “notícia” com tantos pontos de exclamação, quiçá um “êêê”. Deve ser isso que chamam liberdade de expressão...
Na minha cabeça, nós vivemos numa época extraordinária, com uma incrível facilidade de acesso a informações. E por isso mesmo, achava que quem necessitasse de alguma forma sentir-se livre para expressar suas opiniões a seja lá que público fosse, podia a qualquer momento, gratuitamente, criar um blog. Eu até criei um pra mim! E também na minha cabeça (e pelo jeito só na minha cabeça mesmo) achei que jornal era uma coisa séria, onde eu podia encontrar informações verídicas, de forma clara e objetiva e, principalmente, imparciais: livres da opinião de quem as publicava, com o justo compromisso com a verdade.
Comecei a desconfiar que estava enganado quando soube por alguma notinha de rodapé que a validade do Diploma de Jornalismo estava para ser julgada e a grande mídia não dava a menor importância. Não muito mais tarde, vi uma capa da “conceituada” revista Veja com uma caveirinha e o título: “Loucos Atômicos”, sobre a Coréia do Norte. Nada mais imparcial. Por que dizer apenas: “Coréia do Norte faz testes com mísseis, deixando alertas Japão e Estados Unidos”, ou qualquer coisa parecida. Chama logo de Louco, ditador maluco comedor de criancinhas ou coisa parecida.
Comecei também a me sentir menos sozinho neste pensamento quando vi que a Petrobras, com seu quadro de comunicação constituído de Jornalistas e Publicitários formados (Graduação no mínimo) e inúmeros técnicos, todos concursados – não eleitos ou indicados – criou um blog onde coloca na íntegra a sua resposta aos meios de comunicação http://petrobrasfatosedados.wordpress.com/. Acontece que os “jornais” com seus “jornalistas” entrevistavam a empresa e publicavam apenas partes da resposta da Petrobrás, plotando informações não condizentes com a realidade e trazendo prejuízos à imagem da empresa. O Globo foi o que mais reclamou desta “postura” da Petrobrás, que atacava a ética do jornalismo. Coincidentemente, o Globo foi um dos primeiros a se mostrar favorável à decisão do Supremo...
Voltando a Veja, vi hoje ela dizendo que a decisão “livra o país de uma herança da ditadura”. (hein?) Tudo a ver mesmo, profissionalismo deve ter vindo da ditadura. Aliás, já está mais do que na hora de o Brasil se livrar de outras heranças malditas, como essa praga Romana chamada Direito! Quem é que precisa de leis afinal? E o que dizer da maldição Egípcia da Engenharia? Foi justamente ao não permitir a liberdade de expressão aos escravos construtores que o cartel de engenheiros sem criatividade insistiam na monótona forma de pirâmide que resultou num amontoado de blocos de pedras com uns milhares de anos de idade. Malditos ditadores faraônicos...
Mas aqui no Brasil, um país de tolos, essa decisão não surpreende. Desde quando o estudo vale alguma coisa? Aqui o Doutor (PhD) ganha menos que o analfabeto que joga bola; ex-BBB é profissão (qualquer dia tem até sindicato); pra ser atriz basta ter a bunda grande; pra ser vereador não precisa saber ler; e pra ser presidente, não precisa ser graduado, não precisa nem falar português direito... por que um jornalista ia querer um diploma?
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