terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Combate à Corrupção

Quando um grande grupo de manifestantes se reúne em protesto exigindo o combate a corrupção, eles conseguem um efeito tão (in)significante quanto o de uma candidata a miss universo clamando pela paz mundial. Por uma razão muito simples: é um protesto genérico demais para ter algum efeito.
Não que marchas e protestos em si não tenham efeito. Pelo contrário, é uma ferramenta muito especial, um trunfo para o povo conseguir seus direitos. É, inclusive, muito mais visível e eficiente do que estas “manifestações virtuais”, de redes sociais ou de bolgueiros (como este que vos escreve). No entanto, é preciso uma mudança de foco: combater os corruptos, não a corrupção. Oras, enquanto o povo quiser combater “a corrupção”, estará combatendo uma entidade vaga, um fantasma. Porém, no momento em que se liga o crime a um suspeito, cria-se um “rosto” para a corrupção; alguém para ser investigado, julgado e punido.
Muitas bandeiras já se agitaram no combate a corrupção. Muitos políticos já usaram esta idéia como promessa de campanha. Mas, tomando um exemplo icônico: alguém já prometeu não permitir que fique impune o Paulo Maluf? Dono de um currículo invejável, este senhor coleciona denúncias de corrupção, superfaturamento de obras públicas e lavagem de dinheiro; foi inspiração para o verbo “malufar”, e já há mais de um ano foi incluído na lista de procurados da Interpol, podendo ser preso em 181 países. A população, no entanto, não parece se revoltar com o assunto, pelo menos não o meio milhão de eleitores que fizeram de Maluf o terceiro candidato mais votado de São Pulo para deputado federal em 2010. (Prezado Maluf, por favor: não fale da Sra. Minha Mãe).
Me parece que o brasileiro tem mesmo um problema em relação a “fazer” as coisas: sempre espera que alguém faça por eles (este fato, inclusive, está dando muito ibope para vários programas de TV: esquadrão do amor, lar doce lar, sonhar mais um sonho, etc, mas isso dá assunto pra outra postagem...). E não é diferente quanto a corrupção. O brasileiro se diz contra a corrupção, mas acha que não cabe a ela combatê-la. Isso é coisa “pras autoridade”. Tanto que a ‘lei da ficha limpa’ virou queridinha do povo, e muitos candidatos que não teriam nenhuma influência sobre a aplicação desta lei até a usaram como plataforma de campanha: “eu apoio a ficha limpa!” como se isso fizesse deles candidatos melhores, mais honestos ou bem preparados. Ainda bem que o STF não aprovou tal lei, que é inconstitucional: todos são inocentes até que se prove o contrário (inclusive o Maluf). Oras, a tarefa de escolher o candidato é do povo, não do TSE, TRE ou da autoridade que seja. Não é à toa que se chama democracia. Inclusive, este tribunal disponibiliza todo o perfil dos candidatos: desde partido, idade, local de nascimento, até a declaração de bens e a tão falada “ficha”, onde constam todos os processos pelos quais o candidato responde. Portanto, basta ao eleitor uma pequena olhada na ficha do candidato para decidir ele mesmo se tal ficha é “limpa” ou não. Fora que, se tal lei emplacasse, seria fácil ganhar uma eleição: acuse seu concorrente de qualquer coisa para torná-lo inelegível! Era só molhar a mão das pessoas certas, enfim, bastava um pouco mais de corrupção.
Mas, infelizmente, o fato é que acessar internet para consultar o perfil de um candidato a representante do povo, que vai passar os próximos quatro ou oito anos ganhando salários absurdos para definir os passos do país é chato, além do mais dá muito trabalho... Melhor curtir o Facebook, que aliás, tá bombando!

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